quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Capítulo Dois: Olá! Meu nome é...

As sementes tinham sido plantadas e já era chegada a hora de colher os frutos do meu trabalho. Raphael já tinha 19 anos, estava cursando a faculdade de filosofia; um belo ateu. Mal sabia ele que essa inocência não duraria muito.

Era uma noite agradável de outono, Raphael voltava para casa e eu o seguia, tomei a forma que possuía nos meus tempos de glórias, só não sei porque não recupero o tom dourado do meu cabelo, deve ter sido alguma sequela da queda ou algo do tipo. Ah, sim, quase esqueço o que realmente interessa. Ao chegar na porta de seu apartamento, ele percebeu que estranhamente sua chave havia sumido, acho que você já tem uma idéia do dito cujo que fez isso... Eis que quando ele estava prestes a chutar a porta, surge uma figura misteriosa, na verdade, o tipo de cara que deixaria Tom Cruise com muita inveja, ou se apaixonar... Hahahah. Sim mas é lógico que era eu.

- Me parece que perdeu a chave.
- Sério? Você é mesmo um gênio, como chegou a essa conclusão, hein?
- Não seja grosseiro. Posso lhe ajudar, se quiser...
- É mesmo? Como? Usando o poder da mente?

Ele realmente adivinhou o que eu tinha em mente, mas sua falta de respeito para comigo me deixou um tanto nervoso.

- Deixe que eu lhe mostre.
Após estas palavras chutei a porta, arrombando-a, foi arremessada 2,69 metros pelo seu apartamento, derrubando junto o vaso chinês de sua falecida mãe. O que foi? Eu tinha de me vingar, sempre odiei o senso de humor grosseito dele.
- O que... o que foi que você fez? Que tipo de louco é você?
- Não, não sou louco, sou imcompreendido, é bem diferente...
- Cara, eu tenho uns amigos na faculdade que cursam psicologia, talvez eles saibam como ajudá-lo.

Ele disse isso enquanto levantava a porta derrubada.

- Não creio que seus colegas possam me ajudar, afinal, é com você que preciso falar.
- Talvez outra hora, melhor que você suma da minha frente, antes que eu resolva partir para a ignorância.

Ele ajeitou a porta, me deixando do lado de fora.

- Sujeito louco...
- Nunca lhe disseram que é falta de educação fechar a porta na cara dos outros? E eu não sou louco... Pelo menos não do meu ponto de vista...
- M... Ma... M... você ficou do lado de fora! Como fez isso?

Com esse susto, ele quase sujou suas calças.

- Acho que superestimei demais sua inteligência, não dando olhos a sua incrível ignorância, vejo que ainda não sabe quem sou...
- Lógico, como se você ao menos tivesse se apresentado.
- Não seja por isso, meu nome é...
- Não disse que queria saber seu nome, eu vou chamar a polícia...

Quanta ingenuidade...

- Não tenho certeza se poderão lhe ajudar, os policiais daqui só faltam urinar em suas calças ao se deparar com um chefe do tráfico, imagine ao se deparar com o Senhor deste mundo...
- Mas que merda é essa? A linha caiu, o telefone tá mudo...
- Que coisa, não? - Disse eu, me deitando no sofá.
- Quem é você? De onde saiu, de onde veio?

Sorri, e sabendo que ele conhecia a bíblia como ninguém, respondi:

- De rodear a terra, e passear por ela. Acho que agora já sabe quem sou...
- Você só pode estar brincando comigo.
- Não, não estou, Raphael.
- Que tipo de maníaco você é? Primeiro derruba a porta do meu apartamento, depois me assusta com um truque de mágica, se deita no meu sofá sem tirar os sapatos, e ainda por cima se apresenta como o diabo?!?!?!

Faço uma breve pausa aqui. Por um acaso, você tem idéia de como me sinto, quando vocês, porcos, abrem suas imundas bocas para se referir ao meu ser com esse nome ridículo? Esse é só um das centenas de motivos que tenho para odiar todos vocês. Voltando ao assunto...

- Eu exijo mais respeito, garoto, não sabe do que sou capaz. E se me chamar de 'diabo' de novo...
- Vai fazer O-Q-U-Ê!? Derrubar outra porta? Hein, D-I-A-B-O!!!

Eu ao menos tentei avisá-lo...

- O que foi? Ficou mudinho, foi, 'seu diabo louco'?!
- Se eu fosse você, pararia com essa pose, seria mais educado e...
- O quê?
- Não ficaria de costas para ele...
- Ele quem?

Ao olhar para trás, ele se deparou com um tigre-dentes-de-sabre que o olhava fixamente. E desta vez, sua bexiga não se conteve e Raphael ficou com suas calças completamente enxarcadas.

- Vou lhe dar duas opções, tudo bem? Ou você senta aí, fica quietinho e abaixa essa crista para que possamos conversar, ou o meu amigo retalha e devora você, enquanto como pipoca, relembrando os velhos tempos no Coliseu de Roma. Vamos, o que vai escolher?
- M... mas...
- Foi o que eu pensei. Fez uma ótima escolha, tenho certeza de que não irá se arrepender.

Depois dele ter concordado, o levei para o topo do Mirante do Vale.

- Hã?!?! Minhas calças... Estão secas... Mas que lugar é esse?
- Esse é o prédio mais alto da cidade de São Paulo... e Dessa espelunca que você chama de país...
- Por que me trouxe aqui?
- Será melhor para conversarmos.
- O que você quer comigo?
- Já disse, apenas conversar...
- Então... Você é mesmo o...?
- Lúcifer, esse é o meu nome, apesar de que, ao longo dos milênios recebi vários outros nomes, Loki, Anúbis, Hades, Baco, baal, e mais uma inacabável lista de nomes extremamente ridículos que a sua raça imunda me deu...
- Então não gosta dos nomes com os quais ficou conhecido?
- Nem um pouco, afinal, eu apenas caí, nada mais, não mudei de nome, ou virei um demônio...
- Só não entendi por que está se sujeitando a falar com alguém que deve odiar.
- Não estou aqui a toa, preciso tratar um assunto de extrema importância com você, e para isso, preciso aturar o cheiro fétido da sua alma
- O que quer dizer? Fala logo, essa sua enrolação está me deixando sem paciência!
- Ora! Acalma-se, mortal...
- Você quer minha alma, é?
- Não exatamente isso, veja...
- Olha, Lúcifer... Eu sei, pelo menos do que fiquei sabendo a seu respeito, que você não é lá de grande confiança, sabe? No momento, não estou interessado em nenhuma proposta sua, sério, não me leve a mal... Foi um imenso prazer conhecê-lo, mesmo, mas eu tenho que ir...
- Ora, ora... Está subestimando demais o anjo mais perfeito e poderoso de toda a criação...
- Como assim?!
- Acha mesmo que vou deixá-lo em paz, até que eu consiga o que quero?
- Olha, você vai me desculpar, mas... Vai fazer o quê? Me seguir até a porta da minha casa? Faça-me o favor... Me deixe fora de seus assuntos "angelicais, "divinos", "de extrema importância"... Não me amole com suas conversas...
- Tem certeza do que está fazendo?
- Absoluta! E se me dá licença, já vou indo... Ah, sim! Da próxima vez que encontrar com Deus... Diga a ele para...
- Não termine a frase... Não suporto ouvir palavras de baixo calão...
- Ainda por cima, é uma 'menininha fresca'!

Eu me segurei para não jogá-lo do prédio, até porque... Ele não me teria nenhuma utilidade morto. Na mesma hora, eu o mandei de volta para casa, fazendo com que caisse num sono pesado. Pobre garoto... Mal sabia o que lhe aguardava...

- Foi você que pediu por isso Raphael...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Capítulo Um: O Escolhido...

Lembro-me como se fosse ontem... Toda aquela vitalidade, ambição e vaidade. Nunca acharia outro mortal mais preparado para o que eu planejava, só precisei de um plano simples para trazê-lo para o meu lado. Seu nome era Raphael Machado; vou contar-lhes como tudo aconteceu.

Eu estava lá, desde o momento em que o mundo o recebeu, infelizmente, para mim, ainda não podia me aproximar dele, pois emanava uma luz muito forte, anormal para um recém nascido. Isso sem contar com aqueles bastardos alados sem vontade própria o cercando. Para minha tristeza, ainda haveria outros obstáculos a serem superados. Um deles poderia ter sido a sua raquítica avó, porém ela poupou-me o trabalho e falaceu quando ele ainda era um bebê... Ah, sim..., seus devotados pais... Morreram de uma forma tão 'trágica', num acidente de carro; o que foi? Por que está me olhando assim? Eu não tive nada a ver com aquilo, eu juro... Mas voltando à história...

Ele sempre foi uma criança realmente pura de coração, um tipo de ser humano raro nos dias de hoje. Assim que o garoto começou a andar, comecei minhas investidas, e fiz de tudo para que ele se tornasse o tipo mais desprezível de pessoa... Totalmente em vão, seu caráter no decorrer dos anos apenas se fortalecia, ficando praticamente inabalável, me lembravam Noé e muitas das vezes o próprio Jó, mas não desviemos o assunto. Toda aquela moral e baboseira de seguir o caminho do bem me soavam como 'blábláblá', chegava a me dar repulsa, mas era isso que mais me motivava, ele passou a ser o desafio da minha eternidade.

Tentei brigas, e tentações de todo o tipo... Nada dava certo, foi aí que resolvi apelar para a maior fraqueza do ser humano, principalmente de todo homem: o amor de uma mulher...

Raphael era apaixonado por uma garota chamada Cassandra, sua amiga de infância. Aos 14 anos, Raphael ainda era covarde demais para dizer a ela o sentimento puro e verdadeiro que sentia, que ia além de amizade. Como eu não podia aproximar-me de Raphael, comecei então, a bombardear ou influenciar, se prefirir, a mente da sua incondicionalmente amada, Cassandra; às vezes em sonhos, outrora enquanto acordada, por mim, o que importava, de fato, era o resultado... Como assim 'bombardear a mente'? De uma maneira bem simples, e para que um mortal, tão limitado como você entenda... Aticei nela desejos e pensamentos... Eróticos... Sim, ela começou a ter 'sonhos' e a desejar mais do que nunca o nosso protagonista, Rapahel. Tamanho foi o desejo dela, que foi ela quem deu o primeiro passo, eliminando de vez o medo de Raphael. Como eu tinha certeza de que funcionaria? Ora, meu amigo! Minha sabedoria é limitada, porém sua mente humana é frágil demais para compreender os limites dela, além disso, já existo há muito tempo, tempo o suficiente para entender a natureza da 'maior criação' dEle; macacos bípedes, grande coisa... Voltemos ao assunto, onde eu estava? Ah, sim, claro... No fim das contas, os dois começaram a namorar, assim que entraram no colegial. Cupido? Eu, bonzinho? Desculpe, mas desse modo você me insulta, aliás, cada suspiro seu me incomoda; deixe-me terminar, afinal, não uni os dois a toa. Durante três anos, deixei os dois desfrutarem um do outro, sem nenhuma interferência minha. O que eu fiz nesse meio tempo? Tratando de alguns assuntos, trabalho, negócios, acertar alguns detalhes com 4 amigos que mal podem esperar pelo Apocalipse, mas nada que seja realmente da sua conta, mortal...

Passado o período de três anos, fui rever meu amigo Raphael. Naquele ano, ele e Cassandra terminavam o colegial e haveria um baile no final do ano, com direito àquela baboseira e besteirol todo; humanos... Enfim, era uma oportunidade com a qual fui presenteado pelo acaso para a segunda etapa do meu plano.

Naquela noite, tomaria de Raphael seu bem mais precioso, Cassandra... Fiz questão de fazer isso eu mesmo. Tudo que precisei foi assumir minha forma antiga, dos tempos em que eu estava acima de todos, nenhuma mortal resistiria a tamanha beleza... Quando chegaram, fiz com que em meio aquela aglomeração no baile, eles se separassem, foi aí que entrei em cena. Bastou apenas um olhar e a doce Cassandra entregou-se a mim. Nunca me esquecerei daqueles lábios... Tão repulsivos e indignos do meu ser; para a minha sorte, não durmo, logo não tenho sonhos ou , no caso, pesadelos... Raphael presenciou aquela cena, aquilo era algo que nunca teria passado por sua cabeça se não tivesse visto com seus próprios olhos; ainda me lembro da feição de decepcão, tristeza, e ódio, tudo ao mesmo tempo... Para mim, algo muito cômico.

Como de se esperar, logicamente tudo ocorreu como eu planejei. Raphael e Cassandra tiveram uma briga e acabaram terminando o que parecia ser um amor de conto de fadas; infelizmente essa é a vida real, portanto... Não existe 'felizes para sempre'...
Pra que isso tudo? Você realmente não percebeu a grandeza de meu plano? Naquela noite, foram plantadas no coração de Raphael, as sementes do ódio, remorso, desconfiança e tristeza. Dali pra frente, seria tudo mais fácil, nada de luz ofuscando meus olhos, nada daqueles enjoados alados sem vontade própria rodeando Raphael, o meu caminho estava livre.

Passado um certo tempo, após esses acontecimentos, Raphael entrou para uma banda como guitarrista, ele já possuia uma certa aptidão e talento para a música. A banda teve um certo êxito, era conhecida na cidade, e começava a ter seu nome espalhado pela região. Raphael se tornara o que podemos chamar de 'bon vivant', com seus 18 anos, saindo em um dia, voltando para casa dois dias depois, fumava, de vez em quando chegava a usar algumas drogas, um jovem comum nos dias de hoje.

Meu próximo passo, era plantar-lhe o ódio total por um determinado Ser. Do jeito que estava levando a vida dele, não seria difícil.

Com a morte de seus pais, Raphael passou a viver com seu avô. Matá-lo? Ora, calma, não iria tirar a vida dele assim, de repente; até por que isso não teria a mínima graça. Resolvi matar aquele velho lentamente, mandando-lhe um presente... Tuberculose.

Ele adoeceu, e passados 2 meses doente, no hospital. Em seu leito de morte, Raphael ficava se queixando e questionando ao seu lado.
- Afinal, que Deus é esse? Ele não é o Todo Poderoso e misericordioso? Você só tem 62, avô, não merece morrer assim...
- Deus sabe o que faz, meu filho...
- Não é o que parece... Parece mais que ele é um garoto com um bisturi nas mãos e nós somos os sapos que seremos dissecados na aula de ciências!
- Não fale assim, Raphael. Tudo tem seu propósito, seja ele determinado, ou não por Deus. Não alimente esse ódio, garoto... Ele só fará mal a você....

Essas foram as últimas palavras de seu avô antes de falecer. Você tinha de ver a cara dele, toda aquela frustração e ódio. Nasceu ali, um novo Raphael, mais forte e preparado para o que viesse. Ali, ele se tornava invencível, alguém que realmente não tem pelo que viver...

(Não esqueça de comentar, fui xD)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Apresentação...

Primeiramente, olá a todos... Bom, decidi começar a escrever um blog para divulgar minhas crônicas, que pretendo, se um dia tiver a ilustre oportunidade, de vir a publicá-las, hehe. Bom, a primeira crônica que estarei buscando postar semanalmente e tentar terminá-la chama-se 'O Contrato', trata-se de uma história bem interessante sobre um pacto feito com o 'Lu', hehe, bom, o resto vocês verão nas postagens a seguir que começarão a contar essa história, bom... até a próxima postagem.
Lembrando que são postagens semanais, e de vez em quando poderei postar até 3 por semana, ou até posso ficar sem postar, mas fazer o que, vagabundo só trabalha na hora que quer, isso quando trabalha...
xD