quinta-feira, 4 de março de 2010

Capítulo 4: A verdade sobre o Início... (parte Um)

E no princípio, criou Deus os céus e a terra... Moisés equivoucou-se ao usar a expressão "E no princípio...". Na verdade, o princípio foi há muito tempo antes da criação da Terra, no tempo em que ainda não se contava o tempo.

Teoricamente, nunca houve um começo, porque Deus é o começo e Ele sempre existiu. O que foi? Se eu tentasse lhe explicar de uma forma mais detalhada, seu cérebro explodiria... Todos nós fomos feitos à sua imagem e semelhança, e isso não reflete apenas na aparência ou alguns modos de agir e pensar. Por mais insignificante que seja sua inteligência, já deve ter percebido que todos vocês, humanos, possuem um lado sombrio, que na maioria das vezes vocês mesmos escondem, por temerem mostrá-lo... Pois bem... No começo, o que é totalmente relativo, já que é impossível ser preciso quanto a ocorrência de tal fato, Deus, alcançou todo o poder sobre o universo ao separar-se de sua parte sombria, mas devido a grande quantidade de poder liberada durante o processo, essa energia malígna originou um ser muito poderoso, o ser mais próximo de Deus, contudo, repleto e feito de maldade e trevas. Um ser poderoso demais que ameaçaria o maior plano de Deus, a Criação.

Houve um breve confronto entre os dois seres. Breve, pois facilmente Deus derrotou sua contraparte, já que havia ficado com uma parcela ridiculamente maior de poder. Esse ser, que assim como meu Criador, não possuia nome, foi selado, jogado para fora desse universo, onde não existe tempo ou espaço... Não entendeu?... Pense no universo como uma bolha, Deus o jogou para fora da bolha...

Passaram-se o que para você, seriam milênios, e Ele nos criou, os Anjos. Perfeitos, belos, cheios de poder e inquestionavelmente tementes ao seu Criador.

A paz e a harmonia reinavam no Paraíso, até o dia em que surgiu a Destruição. Ninguém sabia de onde havia surgido aquela coisa, pois com certeza não era obra de nosso Criador, mas tinhamos certeza que não possuia um mínimo de educação. Assim que apareceu próximo aos portões do Paraíso, ele os arrebentou como se fossem feitos de papel. Começou naquele momento, uma violenta batalha... Na verdade, uma violenta surra, pois nenhum anjo era capaz de pará-lo, e a cada segundo que passava, ele avançava mais e mais no Céu, seu poder era imcomparável e os esforços das legiões celestiais eram totalmente inúteis, não importava quantos anjos o enfrentasse de uma só vez, pois ele simplesmente os derrubava... Foi aí que resolvi parar com aquilo, e fui enfrentá-lo...

- Quem é aquele, que com tamanha ira, ousa causar desordem na morada do meu Criador? - Disse eu.

Aquela coisa, que acabava de derrubar mais um irmão meu, virou-se para mim mostrando sua verdadeira e horrenda aparência. Assim como eu, ele possuía seis asas, porém essas como as de um Dragão, possuía uma pele branca, muito pálida, que contrastava com estranhos símbolos tatuados por todo o seu corpo, seus olhos, negros, revelavam um desejo doentio de destruir tudo que visse...

- Eu sou... - Uma forte ventania tomou conta do local - a detruição...
- Destruição?
- Meu nome é Zasalamel! - uma espada surgiu nas mãos dele de repente - E eu vou destruí-lo!

Aquela coisa avançou contra mim com uma selvageria tremenda, eu mal podia defender-me dele, e sabia que uma hora ele me acertaria, mas para minha própria surpresa, repentinamente fui colocado na presença de meu Criador, e com seu grandioso esplendor, disse:

- O que está havendo, Lúcifer?
- Pai... Este ser invade e causa desordem em teu reino, o que farei? - Disse.
- Eu já sabia do que precisavas. E vou lhe ajudar.

Quatro silhuetas luminosas surgiram atrás de meu Senhor.

- Estes são Isabel, Gabriel, Asriel e Miguel...
- Novos anjos?
- Não são anjos, Lúcifer... São arcanjos. - Respondeu Ele.
- Arcanjos?
- São anjos criados especialmente para liderar e fazer frente nas legiões do céu...

Ele calmamente dirigiu-se para o seu trono de glória e se assentou.

- Vocês cinco são os anjos mais poderosos de toda a criação. São a essencia viva das cinco virtudes mais valiosas que existem...

Instintivamente, nós cinco, demos um passo à frente e nos ajoelhamos.

- Lúcifer, a sabedoria; Miguel, a força; Gabriel, a esperança; Asriel, a coragem; E tu, Isabel, o amor.

Ele brevemente levantou-se de seu trono.

- Cuidem de tudo. Logo voltarei.

Logo nós cinco partimos ao encontro de Zasalamel. Nós o encontramos em cima de uma pilha, na verdade uma montanha, de dezenas de milhares de anjos que não puderam vencê-lo.

- Eu sobrepujei os serafins mais poderosos de teu Deus, pensas que pode derrotar-me porque trouxestes mais quatro para enfrentar-me? - Disse ele à mim.

Certos de nossa vitória, nos encaramos, segurando o riso, e voltamos a nos concentrar em Zasalamel.

- Podes ter prevalecido sobre estes que fazes questão de pisar, mas saibas que estamos aqui para derrotar-te em nome de Deus! - Exclamou Miguel.
- E comparas estes que tu pisas conosco? É como comparar uma adaga quebrada com a mais afiada das espadas! - Completou Asriel.

Com o seu bater de asas, ele mandou para longe os anjos em que pisava como se fossem folhas secas, espalhando-os por todos os lados.

- Me alegro em saber que vós não pertenceis ao mesmo patamar de poder que vossos irmãos. Mas podeis provar-me isto?

Nos colocamos em posição e empunhamos nossas armas.

- Como prova do pouco respeito que tenho por vós, permitirei que ataqueis primeiro. - Disse ele, embanhando sua espada.

Asriel, o mais impulsivo e impaciente de nós, não conformou-se com tamanha insolência.

- Como ousa embanhar tua espada perante teus inimigos?! - Asriel apontou sua lança na direção de Zasalamel, e tomado por sua notória impulsividade, partiu ao ataque.

Com grande habilidade, Zasalamel, desviou da lança, e no momento em que Asriel passou por ele, derrubou-o, fazendo com que caísse a alguns metros de distância. Gabriel, Miguel e Isabel, olharam aquela manobra perplexos, pois ele derrubara Asriel sem o mínimo esforço.

- Ora... Parece que eu sou a espada mais afiada de todas e você é a adaga quebrada, anjo... - Disse Zasalamel, debochando de Asriel.

Nesse momento, Miguel e Gabriel partiram para cima de Zasalamel. Os dois eram formidáveis guerreiros, porém, Zasalamel ainda sem problemas conseguia se defender.

- Apenas irá observar, Isabel?
- De forma alguma, Lúcifer...
- Me concede a honra da dança? - Disse eu, dando um leve sorriso.
- Não é hora pra dançar! - Disse ela, mostrando claramente não ter entendido o que eu quis dizer.
- Apenas ataque junto comigo, fui claro?
- Sim...

Miguel e Gabriel estavam começando a ter dificuldades para enfrentar Zasalamel, mas a luta foi equilibrada assim que Isabel e eu entramos.

- Essa é a força que possuem os anjos de Deus? Lamentável! - Exclamou Zasalamel
- O que quer dizer? - Perguntei.

Com um bater de asas, este mais forte do que o primeiro, ele nos mandou para longe.

- Não usei metade da minha força ainda...

(CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO XD)

terça-feira, 2 de março de 2010

Capítulo Três: Um Novo Caminho...

Após o infeliz encontro com Raphael, e que obviamente eu já sabia como terminaria, coloquei em ação mais um de meus infinitos planos.

Como já mencionei, ele tocava em uma banda e possuía uma amizade muito forte com seus companheiros musicais - Atingí-los? Hahaha... Está quase pegando o espírito da coisa, mas não seria eu quem sujaria as mãos. Só precisei criar uma mentirinha, e pedir para que meus subalternos a espalhassem...

Tudo ocorreu exatamente como planejei, nos mínimos detalhes. Permita-me voltar ao foco da história...

Depois de ter exagerado com o álcool, Raphael sofreu um pequeno acidente; ao subir a escadaria de entrada do prédio, acabou caindo para trás, cumprindo apenas as duas primeiras normas da bebedeira: Beber e cair. Quanto a parte do levantar... Ele só pode cumprir na manhã seguinte e viu que havia quebrado o braço esquerdo.

O que isso tem a ver com meu plano? Ora, não me apresse! Odeio isso.

Como dizia... Raphael quebrou o braço, logo não estava em condições de tocar sua guitarra, então não poderia tocar no show que haveria logo à noite, com isso, seus companheiros tiveram que arrumar um substituto para aquela noite.

Na manhã seguinte, a notícia já havia se espalhado. Em todos os jornais e canais de televisão o assunto era o mesmo: 'Show termina em tragédia, todos que estavam no local morreram no incêndio'... Tenho que admitir, quem fez isso foi muito criativo. O quê? Não, não fui eu, eu juro. Eu disse que não sujaria minhas mãos... Apenas provoquei outro ser para fazer isso.

Raphael mal podia acreditar no que via na televisão, ele estava em estado de choque emocional, não reagindo a nada ou falando uma palavra sequer.

Após pasar pelo choque emocional, ele não se conteve e correu até o local do ocorrido. Ele era muito esperto, conseguiu facilmente entrar no salão. A cena que ele presenciou era... Horripilante, aos olhos dele, é claro, para mim aquilo era uma obra de arte. Cada corpo carbonizado de forma que só os corpos, e somente os corpos fossem queimados; roupas, celulares, calçados, instrumentos, instalações, o salão em si, estava tudo... Intacto...

- Mas que merda é essa? - Indagou Raphael.
- Pode ver que isso não se encaixa nos padrões de 'normal' para sua raça. - Respondi.

Ele se virou para mim com uma expressão de ódio, como se eu fosse o responsável por aquilo.

- Que tipo de psicopata você é? - Disse ele, sem me dar tempo de responder e me dando um soco na face.

Não demorou muito para ele ter percebido que não fez uma coisa inteligente.

- Sua mãe não lhe deu educação? - Disse, o erguendo no ar e exercendo pressão sobre o corpo dele.
- Ah! Me desculpe! Que tolice a minha... Você não conheceu a sua!
- Desgraçado!!! Eu vou te matar!!! - Disse ele em meio ao seu pranto de raiva.
- Creio que agora está interessado em conversar comigo.
- Conversar sobre o que, seu lesado, filho de uma puta! Ah, esqueci, você nunca teve mãe!
- Hahaha... Seu inconformismo ficou tão explícito agora... Imagina agora... - Disse, me abaixando para tirar a pulseira de um cadáver que parecia ser uma garota.
- O que é isso? - Disse ele.
- Uma pulseira... Idiota. - Respondi, num tom seco.
- Afinal, o que você quer ser assassino de merda!?
- Me lembro do dia em que você deu isso a ela.
- Do que está falando?

O coloquei no chão e entreguei a pulseira para ele.

- Mas isso...

Ele ficou estático quando reconheceu o objeto.

- É uma pena, não? - Disse eu.
- O que ela fazia aqui?
- Ora, Raphael, seu pai não te ensinou a ser um garoto inteligente? Ah, esqueci, você não conheceu seu pai...
- E o seu não te ensinou a não ser tão idiota? Ah, esqueci, ele chutou sua bunda pra fora de casa...

Apesar das palavras de ofensa contra mim, correu até o corpo, e se abaixou, aparentemente segurando o seu choro.

- Sabe... Não adianta... Não faz a MÍNIMA diferença, você querer manter sua pose de inabalável... Você não é isso!
- O que ela fazia aqui...? - Disse ele, me encarando com lágrimas nos olhos.
- Ela queria vê-lo... Sabia que apesar de todos esses anos terem se passado, ela nunca se perdoou pelo que ocorreu naquela noite? Que em meio a esse tempo todo ela ainda o amava? Hahahaha, muito engraçado, não é?

Ele retornou o olhar para o cadáver da jovem, desabando em lágrimas dessa vez.

- Sabia que ela nunca se apaixonou por outro homem? Que ela tinha esperança de um dia estar ao seu lado de novo?

Ele se levantou, ainda encarando o corpo. Eu caminhei até ele ficando frente a frente com ele.

- Ela tinha vindo até aqui porque queria falar com você, Raphael... Lhe pedir o que ela mais ansiava desde aquela noite...

Ele me encarou com lágrimas nos olhos, porém com uma feição de ódio.

- Seu perdão, Raphael!

Apontei para o corpo da jovem.

- E veja! Veja como a sua querida Cassandra terminou! Veja como seus amigos terminaram! Isso tudo poderia ter sido evitado!!!

Ele passou a mão na cabeça, e com um olhar distorçido ele me agarrou pelo pescoço.

- Você mata aqueles que eu amo e depois tenta jogar a culpa em mim? Seu sádico, filho da puta!!!

Eu não reagi ao seu momento de raiva e ódio, aquilo de certa forma era bom, era esse o lado em Raphael que eu procurava despertar.

- Hahaha... - Olhei para o lado, e voltando a encará-lo com um sorriso estampado em meu rosto, voltei a falar - E quem disse que foi eu quem fez isso!?

Ele me encarou como se eu tivesse dito a maior mentira de todas, mas por quê? Era a mais pura verdade...

- Acha mesmo que vou acreditar niss? Hein? Hein? - Disse ele, me sacudindo.
- Para começar, garoto, eu não minto! Tire qualquer esteriótipo imposto a minha pessoa pela sociedade e a maldita Igreja! Como pode ver, sequer tenho chifres!

Ele me largou, e eu arrumei meu terno.

- Eu sei quem fez isso, e eu queria sua ajuda para combatê-lo quando nos encontramos pela primeira vez, mas o 'senhor sabe tudo', sequer quis me ouvir!!!
- Mas então, 'senhor sabe mais que tudo', quem foi o idiota que fez isso!?!? Não vai me dizer que foi viadinho do anjo Gabriel, é? Ou será que foi o cara metido a machão, o arcanjo Miguel?
- Pra começar, você vai precisar parar com seu ar irônico...
- Então me diz logo quem foi, porra!!!
- Zasalamel.
- Zasala o quê?
- O ser detentor do maior poder de destruição de toda a criação.
- E por que raios ele fez isso?
- Ele estava atrás de você... Era você quem ele queria matar...
- Eu? Mas como assim? Aaaaahh!!! Isso é demais pra uma pessoa normal - Disse ele pondo as mãos na cabeça.
- Você tem algo que ele quer, eu ainda não sei o que é, mas pelo menos temos uma vantagem.
- E qual é?
- Ele não sabe quem é você.
- Nossa! Vocês anjos são tão espertos, né?
- Ele... É poderoso demais para ser classificado como um anjo.
- Ele é mais forte que você?
- Mais forte que qualquer arcanjo criado por Deus, para expulsá-lo do Paraíso, foram necessários quatro arcanjos e um serafim...
- Mas...
- Chega de perguntas! Terei tempo para responder a todas elas, mas agora, preciso levá-lo a um local seguro, onde poderei ajudá-lo a despertar o poder que possui.
- Poder? Eu tenho poder?
- Não necessariamente, é uma longa história. Já disse que explicarei tudo, mas você terá que aceitar o nosso acordo...
- Acordo?

Eu puxei um pergaminho do bolso de dentro de meu paletó, e entreguei a ele.

- Estou aqui agora, para lhe entregar o que você mais precisa, Raphael. Aquilo que irá mover sua vida de agora em diante... A VINGANÇA!

Ele ficou um tanto assustado, ao ver minha expressão. Porém, olhou a sua volta e começou a pensar consigo mesmo... Todas aquelas pessoas ali, seus amigos, Cassandra... Todas mortas por sua causa, era assim que ele pensava agora, ele foi tomado por um desejo incomparável por vingança, sua expressão mudara, não era mais o Raphael que havia adentrado ali, era uma pessoa determinada a fazer justiça a qualquer custo, um ser não tomado, mas feito por PURO ÓDIO.

- Eu aceito...