terça-feira, 2 de março de 2010

Capítulo Três: Um Novo Caminho...

Após o infeliz encontro com Raphael, e que obviamente eu já sabia como terminaria, coloquei em ação mais um de meus infinitos planos.

Como já mencionei, ele tocava em uma banda e possuía uma amizade muito forte com seus companheiros musicais - Atingí-los? Hahaha... Está quase pegando o espírito da coisa, mas não seria eu quem sujaria as mãos. Só precisei criar uma mentirinha, e pedir para que meus subalternos a espalhassem...

Tudo ocorreu exatamente como planejei, nos mínimos detalhes. Permita-me voltar ao foco da história...

Depois de ter exagerado com o álcool, Raphael sofreu um pequeno acidente; ao subir a escadaria de entrada do prédio, acabou caindo para trás, cumprindo apenas as duas primeiras normas da bebedeira: Beber e cair. Quanto a parte do levantar... Ele só pode cumprir na manhã seguinte e viu que havia quebrado o braço esquerdo.

O que isso tem a ver com meu plano? Ora, não me apresse! Odeio isso.

Como dizia... Raphael quebrou o braço, logo não estava em condições de tocar sua guitarra, então não poderia tocar no show que haveria logo à noite, com isso, seus companheiros tiveram que arrumar um substituto para aquela noite.

Na manhã seguinte, a notícia já havia se espalhado. Em todos os jornais e canais de televisão o assunto era o mesmo: 'Show termina em tragédia, todos que estavam no local morreram no incêndio'... Tenho que admitir, quem fez isso foi muito criativo. O quê? Não, não fui eu, eu juro. Eu disse que não sujaria minhas mãos... Apenas provoquei outro ser para fazer isso.

Raphael mal podia acreditar no que via na televisão, ele estava em estado de choque emocional, não reagindo a nada ou falando uma palavra sequer.

Após pasar pelo choque emocional, ele não se conteve e correu até o local do ocorrido. Ele era muito esperto, conseguiu facilmente entrar no salão. A cena que ele presenciou era... Horripilante, aos olhos dele, é claro, para mim aquilo era uma obra de arte. Cada corpo carbonizado de forma que só os corpos, e somente os corpos fossem queimados; roupas, celulares, calçados, instrumentos, instalações, o salão em si, estava tudo... Intacto...

- Mas que merda é essa? - Indagou Raphael.
- Pode ver que isso não se encaixa nos padrões de 'normal' para sua raça. - Respondi.

Ele se virou para mim com uma expressão de ódio, como se eu fosse o responsável por aquilo.

- Que tipo de psicopata você é? - Disse ele, sem me dar tempo de responder e me dando um soco na face.

Não demorou muito para ele ter percebido que não fez uma coisa inteligente.

- Sua mãe não lhe deu educação? - Disse, o erguendo no ar e exercendo pressão sobre o corpo dele.
- Ah! Me desculpe! Que tolice a minha... Você não conheceu a sua!
- Desgraçado!!! Eu vou te matar!!! - Disse ele em meio ao seu pranto de raiva.
- Creio que agora está interessado em conversar comigo.
- Conversar sobre o que, seu lesado, filho de uma puta! Ah, esqueci, você nunca teve mãe!
- Hahaha... Seu inconformismo ficou tão explícito agora... Imagina agora... - Disse, me abaixando para tirar a pulseira de um cadáver que parecia ser uma garota.
- O que é isso? - Disse ele.
- Uma pulseira... Idiota. - Respondi, num tom seco.
- Afinal, o que você quer ser assassino de merda!?
- Me lembro do dia em que você deu isso a ela.
- Do que está falando?

O coloquei no chão e entreguei a pulseira para ele.

- Mas isso...

Ele ficou estático quando reconheceu o objeto.

- É uma pena, não? - Disse eu.
- O que ela fazia aqui?
- Ora, Raphael, seu pai não te ensinou a ser um garoto inteligente? Ah, esqueci, você não conheceu seu pai...
- E o seu não te ensinou a não ser tão idiota? Ah, esqueci, ele chutou sua bunda pra fora de casa...

Apesar das palavras de ofensa contra mim, correu até o corpo, e se abaixou, aparentemente segurando o seu choro.

- Sabe... Não adianta... Não faz a MÍNIMA diferença, você querer manter sua pose de inabalável... Você não é isso!
- O que ela fazia aqui...? - Disse ele, me encarando com lágrimas nos olhos.
- Ela queria vê-lo... Sabia que apesar de todos esses anos terem se passado, ela nunca se perdoou pelo que ocorreu naquela noite? Que em meio a esse tempo todo ela ainda o amava? Hahahaha, muito engraçado, não é?

Ele retornou o olhar para o cadáver da jovem, desabando em lágrimas dessa vez.

- Sabia que ela nunca se apaixonou por outro homem? Que ela tinha esperança de um dia estar ao seu lado de novo?

Ele se levantou, ainda encarando o corpo. Eu caminhei até ele ficando frente a frente com ele.

- Ela tinha vindo até aqui porque queria falar com você, Raphael... Lhe pedir o que ela mais ansiava desde aquela noite...

Ele me encarou com lágrimas nos olhos, porém com uma feição de ódio.

- Seu perdão, Raphael!

Apontei para o corpo da jovem.

- E veja! Veja como a sua querida Cassandra terminou! Veja como seus amigos terminaram! Isso tudo poderia ter sido evitado!!!

Ele passou a mão na cabeça, e com um olhar distorçido ele me agarrou pelo pescoço.

- Você mata aqueles que eu amo e depois tenta jogar a culpa em mim? Seu sádico, filho da puta!!!

Eu não reagi ao seu momento de raiva e ódio, aquilo de certa forma era bom, era esse o lado em Raphael que eu procurava despertar.

- Hahaha... - Olhei para o lado, e voltando a encará-lo com um sorriso estampado em meu rosto, voltei a falar - E quem disse que foi eu quem fez isso!?

Ele me encarou como se eu tivesse dito a maior mentira de todas, mas por quê? Era a mais pura verdade...

- Acha mesmo que vou acreditar niss? Hein? Hein? - Disse ele, me sacudindo.
- Para começar, garoto, eu não minto! Tire qualquer esteriótipo imposto a minha pessoa pela sociedade e a maldita Igreja! Como pode ver, sequer tenho chifres!

Ele me largou, e eu arrumei meu terno.

- Eu sei quem fez isso, e eu queria sua ajuda para combatê-lo quando nos encontramos pela primeira vez, mas o 'senhor sabe tudo', sequer quis me ouvir!!!
- Mas então, 'senhor sabe mais que tudo', quem foi o idiota que fez isso!?!? Não vai me dizer que foi viadinho do anjo Gabriel, é? Ou será que foi o cara metido a machão, o arcanjo Miguel?
- Pra começar, você vai precisar parar com seu ar irônico...
- Então me diz logo quem foi, porra!!!
- Zasalamel.
- Zasala o quê?
- O ser detentor do maior poder de destruição de toda a criação.
- E por que raios ele fez isso?
- Ele estava atrás de você... Era você quem ele queria matar...
- Eu? Mas como assim? Aaaaahh!!! Isso é demais pra uma pessoa normal - Disse ele pondo as mãos na cabeça.
- Você tem algo que ele quer, eu ainda não sei o que é, mas pelo menos temos uma vantagem.
- E qual é?
- Ele não sabe quem é você.
- Nossa! Vocês anjos são tão espertos, né?
- Ele... É poderoso demais para ser classificado como um anjo.
- Ele é mais forte que você?
- Mais forte que qualquer arcanjo criado por Deus, para expulsá-lo do Paraíso, foram necessários quatro arcanjos e um serafim...
- Mas...
- Chega de perguntas! Terei tempo para responder a todas elas, mas agora, preciso levá-lo a um local seguro, onde poderei ajudá-lo a despertar o poder que possui.
- Poder? Eu tenho poder?
- Não necessariamente, é uma longa história. Já disse que explicarei tudo, mas você terá que aceitar o nosso acordo...
- Acordo?

Eu puxei um pergaminho do bolso de dentro de meu paletó, e entreguei a ele.

- Estou aqui agora, para lhe entregar o que você mais precisa, Raphael. Aquilo que irá mover sua vida de agora em diante... A VINGANÇA!

Ele ficou um tanto assustado, ao ver minha expressão. Porém, olhou a sua volta e começou a pensar consigo mesmo... Todas aquelas pessoas ali, seus amigos, Cassandra... Todas mortas por sua causa, era assim que ele pensava agora, ele foi tomado por um desejo incomparável por vingança, sua expressão mudara, não era mais o Raphael que havia adentrado ali, era uma pessoa determinada a fazer justiça a qualquer custo, um ser não tomado, mas feito por PURO ÓDIO.

- Eu aceito...

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